domingo, 20 de abril de 2008

Hoje falei com o meu filho...

Desde muito novo que tenho o dia de Domingo como o dia da família. Sinceramente cuido da minha família todos os dias mas, é certo, Domingo é sempre diferente, especial e mais relaxado.
Hoje almocei em casa dos meus sogros. O meu sogro gosta muito do Gonçalo. Ele é uma pessoa de poucos sorrisos e, talvez por isso encanta observar como sorri quando vê ou ouve o meu filho. Depois do almoço pegou no telefone da minha sogra e marcou o número angolano da minha ex mulher. Foi uma surpresa! Perante um número desconhecido a mãe do meu filho atendeu e passou o telefone ao Gonçalo. O Heitor falou, contou-lhe que o Futebol Clube do Porto, clube pelo qual ambos torcem, é campeão, perguntou-lhe sobre a escola e foi conversando com ele por alguns minutos. Finalmente passou-me o telefone. Falei com o meu filho! É muito bom ouvir a voz dele e não ter só os "eh!". Conversei com ele, perguntei-lhe sobre a escola, a saúde...enfim. Soube pelo meu filho que só virá a Portugal em Novembro ou Dezembro. Confesso que me entristeceu imaginar que terei de passar mais de um ano sem o ver. No entanto, continuo a confiar na justiça dos homens e a acreditar que o Tribunal o trará mais cedo.
Assumi um compromisso com este blog: contar sempre a verdade! Pois é, hoje falei com o meu filho. Claro que sinto saudades de o ver a abraçar mas...hoje falei com ele!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Concederam-me 4 dias...

Depois das parcas notícias que tive do meu filho e do comentário desajustado que recebi, continuo a aguardar uma decisão ou uma actuação por parte do Tribunal de Família e Menores do Porto.
Muito agradeço a todos que visitam esta página e que nela transmitem as suas emoções, o seu apoio, os seus conselhos. Sinceramente, muito obrigado a todos!
Depois de autorizada pelo Tribunal a viagem do Gonçalo para Angola confesso, senti-me desesperado e incapaz de agir ou pensar. A conferência de pais em que se decidiu esta alteração aconteceu, como tive oportunidade de contar, no dia 10 de Outubro de 2007 e, no final da audiência, o Juiz do processo aconselhou a mãe do Gonçalo a deixá-lo passar alguns dias comigo antes da partida.
Como era de esperar, já com o que pretendia reduzido a escrito, a mãe do meu filho disse uma série de coisas no sentido de justificar o não acolhimento do conselho. Não obstante, perante a incisiva intervenção de um advogado presente, o mandatário da minha ex mulher, lá concordou. Ficou decidido que eu ia buscar o Gonçalo no dia 17 de Outubro pelas 19h15m. Lembro-me de ter pensado naquele momento: Ah! Afinal já não tem que estar em Angola até ao dia 15!?
Também para lá do que ficou em acta recebi um conselho, pedir uma avaliação psicológica ao Gonçalo quando ele viesse no Natal. Lembro-me de ter sorrido e dito que não pretendia sujeitar o meu filho a uma situação dessas e, para além disso, tinha a certeza que ele não voltaria no Natal. E não voltou!
Assim foi, abandonei o edifício do Tribunal desfeito, sem forças e com uma enorme vontade de desistir de lutar.
Preparei-me para os últimos momentos com o meu filho. Fui buscar todas as minhas forças e convenci-me de que ia passar aqueles dias a sorrir e a aproveitar ao máximo a companhia dele. Assim foi! Fui buscá-lo no dia 17 de Outubro de 2007, restavam-me 4 dias até deixar de o ver por tempo indeterminado.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Uma ameaça?

O nosso blog recebeu, esta tarde o seguinte comentário: «Anónimo disse... pelos vistos vais ter que o ir buscar a angola...................mas terás que ter cuidados com as tuas costas.......... ;)3 de Abril de 2008 16:54». Decidi publicá-lo desta forma para lamentar, uma vez mais, a atitude dos que, com a capa da cobardia, se limitam a escrever sem pensar. Nos dias de hoje, em que é tão fácil investigar e imputar responsabilidades criminais a quem escreve através de um computador pessoal ou profissional, ainda há quem, desprovido de senso ou por ignorância, deixe ameaças públicas! Será alguém sem nada a temer? Provavelmente alguém que nada mais espera da vida e aguarda o seu fim? Alguém que foge da verdade? Foge da realidade? Alguém que não recebe amor? Alguém que não tem a quem acarinhar? Não receio ameaças. Pelo meu filho estou disposto a lutar sem medos, sem constrangimentos mas sempre com um objectivo: Gonçalo, vais voltar e vais ser feliz!
Sinceramente desejo que a mãe do meu filho esteja o melhor possível, desejo que também ela se sinta segura e bem de saúde. Não me alegraria uma notícia de que a minha ex mulher estava mal, triste, doente. O bem da minha ex mulher é, em simultâneo o bem do Gonçalo.
Naturalmente prefiro acreditar que o comentário supra não provém da mãe do meu filho. Bem sabemos que na internet estamos sujeitos a pessoas curiosas e de mal com a vida.
A este anónimo desejo o melhor e, principalmente, não desiste de viver todo o tempo que lhe resta, o mais feliz possível!
Bem haja!

Tive notícias do meu filho!


Como disse anteriormente, este espaço permite-me desabafar, acreditar e sentir o apoio daqueles que o visitam e o comentam. No entanto, assumi o compromisso de ir relatando toda a verdade. As verdades passadas e bem assim como aquelas que vão surgindo. Por princípio não minto e não omito. Fui educado para a verdade e pugno sempre por ela.
Tive notícias do meu filho! Eu, pessoalmente não tenho conseguido entrar em contacto com a mãe do Gonçalo e, consequentemente não tenho falado com o meu filhote. No entanto os meus pais conseguiram estabelecer uma ligação telefónica. Ambos, o meu pai e a minha mãe, falaram com o neto. O Gonçalo fala muito pouco e, no essencial, apenas responde “eh!” às perguntas que lhe são colocadas como, por exemplo, “como vai a escola?”, “estás a gostar?” etc. A minha mãe perguntou-lhe porque não falava ao que ele respondeu “estou com a mãe”!!! Estou com a mãe? Estarás tu a pressionar o nosso filho ao ponto de ele se intimidar com um contacto dos avós? Desejo que não. Prefiro acreditar na ilusão de que o Gonçalo vive sem constrangimento das suas ideias, das suas vontades enquanto ser humano. Que medo é esse filho? Porque estás assim? Temo muito pelo futuro do Gonçalo, pelo seu bem estar, pela sua saúde, pela sua segurança.
Felizmente, em Angola, alguém viu o meu filho. A meu pedido foi procurá-lo com a intenção de verificar como estava. Confesso que fiquei mais aliviado. Alguém da confiança da minha família teve a oportunidade de estar com o Gonçalo, por pouco tempo que tenha sido pelo menos ouvi a frase: «O Gonçalo está, relativamente bem. Está muito moreno e com o cabelo comprido. Faz praia, vai à pesca com o companheiro da mãe e anda na escola.». Fiquei satisfeito mas questionei quanto ao “relativamente”. A resposta foi rápida: «O Gonçalo fala muito pouco mas não parece mal». O meu filho, um falador, um menino que adora conversar e opinar, um menino que se senta no sofá e fica tanto tempo a ouvir e a falar. O Gonçalo está, relativamente bem! Confesso que me alegra saber que ele, aparentemente está bem de saúde; que anda na escola, que faz praia e vai à pesca. Confesso que me acalma ter notícias fiáveis do meu filho. Não obstante, preocupa-me o silêncio de uma criança que eu conheço tão “viva” e cheia de alegria.
Continuo a aguardar notícias do Tribunal de Família e Menores do Porto. Continuo a aguardar pelo momento em que volto a ouvir, a ver, a abraçar o NOSSO filho!
Obrigado a todos pelo apoio que tão bem me faz.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

... O Gonçalo vai para Angola!


No dia 21 de Setembro de 2007, estava eu a sair da escola onde dou aulas quando recebi um telefonema da minha, então advogada. Atendi à espera de ouvir qualquer coisa relacionada com o meu filho mas, sinceramente, nunca que a mãe dele pretendia levá-lo para fora do país. Naquele momento, depois de ouvir, fiquei a saber que a minha ex mulher tinha solicitado ao Tribunal de Família e Menores uma alteração do Acordo de Regulação Paternal. A intenção era mudar o acordado (e por ela nunca cumprido) de forma a poder ir viver com o meu filho para Angola. Fiquei gelado! Naquele momento temi perder ainda mais da vida do Gonçalo. Fiz alguns telefonemas para as pessoas que me são queridas e, juntamente com a minha advogada, decidi propor ao Tribunal que a guarda e poder paternal do Gonçalo me fossem entregues, pelo menos durante o período de ausência da mãe. Na verdade, a minha ex mulher apresentava um contrato de trabalho por um período de apenas um ano. Ora, assim sendo, para mim, parecia lógica que me fosse confiada a guarda do Gonçalo pelo menos por esse período. Desta forma eu, em conjunto com a minha família, poderia manter o menino no colégio onde estudava e assegurar-lhe o convívio com os seus restantes familiares, designadamente os avós maternos, e amigos.
Esperei ansioso por uma decisão judicial!
A mãe do Gonçalo informara o Tribunal da necessidade de chegar a Angola até ao dia 15 de Outubro de 2007. Em menos de um mês pretendia resolver a vida do Gonçalo e, com isso, impor sérias alterações na minha vida.
Assim foi, o Tribunal, diligente, marcou uma conferência de pais para o dia 10 de Outubro, se não me falha a memória. Confesso que entrei naquele edifício com a firme esperança de que, em nome do bem do Gonçalo, o Tribunal acabaria por decidir pela sua permanência em Portugal. Francamente, apesar dos tantos casos conhecidos ou simplesmente de que me falavam, eu acreditava numa decisão equitativa e, acima de tudo, de uma decisão em nome da criança. Não aconteceu assim! Mal entrei na sala de audiência, de imediato a Senhora Procuradora do processo me disse que estava decidido autorizar a viagem do meu filho para Angola. Portanto, restava chegar a um acordo quanto ao regime de visitas.
Estava decidido? Mas eu não me pronunciei, eu nada disse…e o Gonçalo? Estava decidido? Porquê? Por ser o melhor para o Gonçalo? Respondeu-me o Senhor Juiz que, neste caso, não existiam razões para alterar a guarda e o poder paternal. Razões? Mas…a mãe do meu filho quer fazê-lo viver longe dos seus familiares e amigos, num país distante, desconhecido e, como sabemos com sérios riscos em termos de segurança. Nada importa: estava decidido!
A partir daquele momento a mim só me ouviram dizer: Senhores doutores, se o Gonçalo entrar no avião eu nunca mais o vejo! Senhores doutores, durante quatro anos a mãe do meu filho nunca cumpriu o acordo de regulação do poder paternal. Não o cumpriu em Portugal eu garanto que não cumprirá em Angola. E assim foi, repeti estas frases durante cerca de duas horas.
Foi a minha advogada quem, por mim, fez as alterações do acordado quanto ao regime de visitas. Eu sempre soube: nunca mais voltaria a ver o Gonçalo.
O Gonçalo tem agora 8 anos mas, ainda assim, não entendo como foi possível escolherem para ele, sem sequer o ouvirem, um destino e uma vida longe de casa e de parte das pessoas que ele ama.
Senhores doutores, infelizmente eu tinha razão: Algum dos senhores me sabe dizer, com absoluta certeza onde está o meu filho? Não o vejo desde o dia 21 de Outubro de 2007. Algum dos senhores me sabe dizer porquê? Algum dos senhores é capaz de fazer cumprir este acordo? Algum dos senhores sabe como vai o Gonçalo de saúde? Como corre a escola?
Senhores doutores, daqui por dez anos, pelo menos daqui por dez anos eu vou querer apresentar-lhes o meu filho, nessa altura com dezoito anos e, sinceramente, vou querer que o ouçam, pelo menos nessa altura, sobre a decisão que, em nome dele tomaram!
Continuo sem notícias do meu querido filho!