quarta-feira, 13 de maio de 2009

Reflexão!

Muitas vezes começamos o dia a falar sobre os desenvolvimentos deste, tão parado processo de família e menores. Hoje, à semelhança de outras manhãs, não foi excepção.
Confesso que ao longo destes anos me pergunto constantemente onde está a minha culpa, que comportamentos posso ter tido capazes de provocar este tipo de resistência, esta decisão de alhear o Gonçalo do pai. Confesso que não entendo e, por mais que me tente culpabilizar não encontro explicações que me convençam.
Independentemente de quaisquer desentendimentos, independentemente de discordâncias pessoais ou incompatibilidades de temperamentos e feitios, a verdade é que o Gonçalo também é meu filho e eu sou, acreditem, um bom pai. Sou capaz de o mimar e cuidar, sou capaz de lhe dedicar total e absoluta atenção, preocupo-me com o que ele aprende, com o que ele sente, nunca me esqueço de pensar como estará a ser conduzida a sua educação, quer como pessoa quer no que concerne à parte académica, imagino se estará bem de saúde, se está feliz, enfim! Eu sou um bom pai!
Analisando tudo isto de uma forma distanciada, i.e., olhando como que de fora para dentro deste mundo, porque razão tenho de ser mantido assim completamente alienado do crescimento do meu filho? Quando falha uma relação entre dois adultos não tem que falhar necessariamente o respeito por quem a ambos é comum. Eu e a minha ex mulher temos um filho em comum. Se é certo que falhou o casamento e a relação como marido e mulher, porque razão teria de falhar a relação como adultos maduros, conscientes e, principalmente como pai e mãe de uma mesma criança? Não é justo principalmente para o Gonçalo!
Apesar de concluir pela minha isenção de culpa, muitas vezes procuro os meus erros para ver se ainda existe algo que dependa de mim corrigir.
Gostava que tudo tivesse sido diferente no que diz respeito ao tratamento da regulação das responsabilidades parentais. Gostava de me ter apercebido, em tempo como poderia este processo ser conduzido para, também em tempo ter conseguido proteger o Gonçalo deste escusado sofrimento de distância.
Posso ouvir milhares de desculpas, milhares de razões que tentem justificar a permanência do meu filho em Angola mas, sinceramente: É aceitável que o Gonçalo permaneça num país desconhecido, por mais bem tratado que seja, sem a presença do pai ou da mãe? Os angolanos com desafogo financeiro trazem para Portugal os seus filhos que aqui ficam a completar os estudos. Assim sendo, porque razão foi o meu filho “ a correr” para aquele país para estudar numa escola de regime educacional angolano? Preocupo-me sinceramente com o futuro dele, com os conhecimentos que está a adquirir e, principalmente com o distanciamento da sua cultura, do seu país!
Sem prescindir que o companheiro da minha ex mulher possa tratar bem o Gonçalo (embora eu nem o conheça), é aceitável esta situação aparentemente sufragada pelo Tribunal? Santa paciência: Estamos a falar de um indivíduo que está em Angola a trabalhar, que optou por mudar para lá a sua vida para conseguir melhores condições profissionais, alguém que se distanciou dos seus familiares, dos seus filhos menores, pais e irmãos. Agora, pensando assim digam-me por favor: Mesmo que esteja em causa uma pessoa carregada de qualidades que, como disse, nem sei se é o caso, estão reunidas as condições para educar e dar a atenção necessária a uma criança activa e dinâmica como o Gonçalo? Não creio! Por melhor que seja a intenção, não creio.
Em contrapartida, não teria sido mais vantajoso para a educação e felicidade do Gonçalo que ele, aproveitando que a mãe ficaria em Portugal todos estes meses, seja qual for a razão porque cá está que isso nem me diz respeito e nem me interessa, fosse colocado aqui, numa escola ou colégio português? Não teria sido esta a melhor solução para ele enquanto criança, enquanto pessoa?
E assim cá estamos…eu em Portugal onde estão os dois filhos do companheiro da mãe do Gonçalo e ele em Angola onde está o meu filho!
Ora bolas! Que vida!
Estou francamente preocupado com o meu filho e com o seu futuro.
Juro que isto para mim não constitui uma qualquer guerra ou guerrilha entre duas pessoas que um dia foram casadas e partilharam os dias. A única coisa que tenho contra a minha ex mulher é esta insistência em alienar-me do meu filho. Tudo o mais, francamente não me interessa. Não quero saber o que faz, como faz ou porque o faz. A única coisa que realmente me importa é perceber quais as razões porque insiste em afastar-me como pai do Gonçalo.
Entretanto, para meu consolo, o João continua a crescer serenamente e a mama está bem. Penso que vou poder acompanhá-lo em tudo e para todo o lado. Não vejo a hora de o ter no meu colo, pequenino e protegido. Nunca o vou largar. Espero em breve tê-los juntos, aos meus dois filhos e nunca mais os vou ver separados. Acreditem em mim, quando um dia o Gonçalo estiver aqui, ao meu lado, aos meus cuidados eu nunca, mas nunca vou cometer o erro da mãe dele. Eu nunca vou alienar a mãe do meu filho da vida deste.
Saudades de te ter no meu colo!
Vontade de viver cada minuto, cada segundo ao lado das pessoas que adoro tanto sem as perder, nunca, nunca!

domingo, 10 de maio de 2009

Breves minutos...

Por breves minutos falamos com o Gonçalo!
Após várias tentativas de contacto telefónico, depois de muito insistir e nunca, mas nunca desistir conseguimos ontem, ao final da tarde falar com o nosso menino. Custa muito ouvir a voz dele e, pelo seu tom tentar imaginar como se sente. O Gonçalo assumiu de forma muito clara que estava com saudades e vontade de vir a Portugal. Eu imagino! Conhecendo-o como conheço só o consigo imaginar a sentir-se demasiado só e isolado. O meu filho é uma criança muito conversadora e que carece de constante atenção. Ele faz imensas perguntas, tem sempre opinião sobre vários assuntos e gosta de interagir com os adultos. Sem prescindir que possa ser bem tratado onde está e com quem está, a verdade é que o Gonçalo precisa de mais e melhor.
Perguntava hoje o meu sogro: Se os angolanos com poder e dinheiro têm os seus filhos a estudar em Portugal, o que faz o Gonçalo aos 9 anos, sem pai e sem mãe a estudar em Angola?
Francamente se esta situação não fosse triste e desesperante seria, pelo menos uma piada!
Por cá continuamos a aguardar ansiosamente o nascimento do João e a rápida volta do Gonçalo. As coisas de ambos estão bem tratadas e arrumadas e os seus espaços garantidos. O Gonçalo já tem alguns presentes à espera. Sempre que vemos alguma coisa com interesse, seja um livro ou um brinquedo, compramos e reservamos para ele.
A minha ex mulher, como era de esperar não voltou a responder a nenhum dos mails que mandei, não me atende o tal número de telefone português e por cá permanece em constante relaxamento sem demonstrar preocupação com o que cada um ao seu lado sente ou pensa.
Saudades do abraço bom do Gonçalo!