terça-feira, 13 de julho de 2010

Falei com o Gonçalo...

Ontem, depois de algumas tentativas consegui finalmente falar com o Gonçalo. Já não sou capaz de determinar a última vez em que falamos mas, mal ouvi a sua voz senti o habitual arrepio de quem não sabe o que sucederá no segundo seguinte.
Tenho tantas saudades do meu filho!
Passaram tantos meses que, como é normal receio desconhecer os pormenores, receio não saber o que o Gonçalo aprecia e, às tantas estar desactualizado nos gostos, nas conversas. Ainda assim, sinto em cada telefonema a ternura na voz do Gonçalo. Cresceu, sim, é verdade que cresceu mas, volvidos quase dois anos ainda lhe reconheço aquela ternura na voz. É o meu filho! É um pedaço de mim...
Trocamos algumas palavras, perguntei-lhe como estava, se tudo corria bem na Escola e quando voltaria a Portugal. Espantei-me quando me respondeu que a mãe tinha tomado a iniciativa de o trazer a Portugal e, por essa razão faltaria às aulas! Não o contrariei, não culpabilizei a mãe do meu filho, ouvi...sofri e temi mas, o que mais importa? O que mais importa é ter o Gonçalo aqui, perto de nós. O que mais importa é reconhecê-lo no abraço, no beijo, no momento que não tarda a chegar. O que mais importa é sentir a minha família reunida...O que mais importa? O que mais importa é ter os meus filhos felizes.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Nunca nos habituamos!

Nunca nos habituamos com a inércia quando para a nossa vida é essencial e indispensável uma actuação. Nunca nos habituamos quando nos tratam menos bem, quando não nos cuidam, quando sentimos que somos vistos e ouvidos sem que, na verdade nos vejam ou ouçam. Nunca nos habituamos a viver a lutar sem nunca atingir um objectivo em que acreditamos.
Desde há mais de seis anos que sinto a inércia, a falta de cuidado, o ser visto e ouvido passando, na realidade despercebido. Tenho recorrido, reiteradamente aos Tribunais portugueses mas, ainda assim nunca saí de um Tribunal com a segurança dos meus direitos acautelados.
No dia 6 de Julho voltei ao Tribunal de Família e Menores e, uma vez mais fui o único a comparecer já que a mãe do Gonçalo faltou. O de sempre!
Desta vez, contrariamente ao que vem acontecendo, o advogado da mãe do meu filho apresentou uma proposta: O Gonçalo chegará a Portugal no dia 4 de Agosto e, desde esse dia ficará na minha companhia! Primeira reacção? Vou ver o meu filho, só isso interessa! Dois minutos de raciocínio e: A mãe do meu filho não vai cumprir, como gerir e acautelar o risco de mais um acordo?
Concordei aceitar um acordo nos termos do qual o Gonçalo chega a Portugal no dia 4 de Agosto para visitar o pai e a família paterna. Caso se repita o incumprimento, por determinação do Senhor Magistrado está prevista uma indemnização que, confesso espero não ter que receber e, ademais caso receba depositarei numa conta do meu filho ou doarei para fins sociais.
Ora bem: Fiz um acordo, uma vez mais um acordo com o objectivo de ver o Gonçalo o mais breve possível mas, sem prescindir deste acordo não foram sanados os incumprimentos anteriores e prossegue o processo na parte que se refere à alteração das responsabilidades parentais. Além do que, os incumprimentos ainda não declarados poderão, de futuro servir de fundamento no Tribunal de Família e Menores.Percebi bem? Julgo que foi assim...É que às vezes doí tanto que deixo de conseguir pensar. É mesmo difícil aguentar cada momento e seguir em frente. Como me sinto sem capacidade para fazer mais e melhor...como me sinto assim!
Certo! Muito bem! Aguardo o Gonçalo no dia 4 de Agosto...será?
Nunca nos habituamos a sofrer, nunca nos habituamos ...
Sem desistir apesar de me sentir cada vez mais em baixo...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A poucas horas...

A poucas horas de me apresentar, uma vez mais no Tribunal de Família e Menores do Porto cá estou, como sempre carregado de esperança que seja agora, que seja desta vez, que seja o momento da decisão porque anseio desde há mais de 6 anos!
Para ser sincero não estou certo de que haja uma decisão que favoreça o meu convívio imediato com o Gonçalo. Melhor, não acredito que uma qualquer decisão me traga, no imediato o meu filho. Ainda assim, considero imprescindivel ouvir uma decisão, uma tomada de posição que nos coloque no caminho certo e definitivo.
Desde Fevereiro de 2008 que corro para o Tribunal, dia após dia, sem uma palavra, sem uma qualquer Sentença que me faça acreditar num amanhã ao lado do Gonçalo. É verdade! Tempo demais...
O João completou já 13 meses mas, infelizmente nunca viu o irmão ao vivo.
O Gonçalo está a poucos meses de fazer 11 anos e eu nunca tive a possibilidade de o acompanhar à Escola! Tempo demais...
Momentos perdidos e irrecuperáveis mas, ainda assim, vale bem a pena pensar que poderei ser pai amanhã. Vale a pensa imaginar que posso voltar a carregar o meu filho no colo, rodar junto ao mar de bicicleta com ele, correr atrás de uma bola no parque da cidade, levá-lo ao cinema, levá-lo ao teatro, habituá-lo a pegar num livro e ler algumas das suas páginas todos os dias, ouvir as suas dúvidas...enfim. Vale muito a pena pensar que o futuro me deixa ainda tempo para ser o pai do Gonçalo e o apresentar ao João.
Na sexta-feira passada recebi o Relatório da análise feita pelo Conselho Superior de Magistratura. Segundo o Senhor Magistrado que o instruiu, o Senhor Juiz do Processo tem cumprido tudo a quanto está obrigado. Ao que parece, o facto de ter, por princípio a vontade de ouvir pai e mãe e, mais do que isso, o facto de eu nunca me ter oposto à suspensão das conferências (que ignorante que fui!), é suficiente para concluir pela inexistência de infracção disciplinar! Aprendi! de hoje em diante serei a verdadeira oposição a qualquer suspensão ou adiamento!
Saudades do Gonçalo...mais do que muitas!
Insucesso nos telefonemas...
Insucesso nos mails...
Sem desistir...até já!