sexta-feira, 27 de junho de 2008

No dia 20 de Outubro de 2007...sábado!

No dia 20 de Outubro de 2007 acordamos bem cedo e fomos, de imediato a casa dos meus pais. Quando chegamos estavam o Gonçalo e o amiguinho dele transpirados e corados de tanto brincarem. O meu pai tinha ido com eles jogar futebol para um campo próximo de casa e ambos estavam excitados a contar as novidades. O Gonçalo adora brincar com meninos da idade dele. Saímos de caso dos meus pais e, a pedido dos mais pequenos, fomos para o parque da cidade. Estava um daqueles dias de inverno solarengos e com imensa luminosidade. Os mais pequenos, mal chegamos ao parque, saltaram do carro e começaram a correr em direcção ao relvado. Fomos atrás. Foi uma tarde divertidíssima. Enquanto a Xana se sentou a ler um livro, eu e os miúdos fomos jogar futebol. Cansados de correr decidiram explorar as árvores. Ambos quiseram subir a uma árvore. Sempre me preocupei em ensinar ao meu filho que as árvores e as plantas em geral devem ser respeitadas, são seres vivos mas, ainda assim, não considero desrespeito subir a uma árvore. Com a minha ajuda e a atenção redobrada da Xana lá subiram os dois, felizes e às gargalhadas.
Fomos lanchar a casa dos meus sogros. O meu filho gosta muito deles. Depois do lanche e de uns 30 minutos a jogarem psp decidiram pegar, uma vez mais na bola e foram para o pátio de casa dos pais da Xana jogar.
Era chegada a hora de levar o amiguinho do Gonçalo a casa. Foi um dia em cheio :)
À noite, depois do jantar e como no dia seguinte não tínhamos horários para cumprir, vimos um filme, um filme escolhido pelo Gonçalo e apropriado à idade dele. Acabou por adormecer no meu colo.
Restavam-me menos de 24h!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

No dia 19 de Outubro de 2007...sexta-feira!

No dia 19 de Outubro de 2007 o Gonçalo acordou bem cedo. Fomos surpreendidos por um "bom dia" feliz! Acordei com o meu filho a entrar pelo nosso quarto e a falar sem parar. Fartei-me de rir. Uma criança que acorda por si e tão bem disposta. Os miúdos são surpreendentes.
Sexta-feira era dia de ginástica no colégio e, consequentemente, dia de vestir o tão desejado fato de treino. Uma vez mais, depois do pequeno almoço lá fomos, os três. Eu e a minha actual esposa fomos levá-lo e depois, seguimos para os nossos locais de trabalho.
Ao final da tarde o Gonçalo estava radiante com uma actividade que tinham realizado. Contou tudo com pormenor e nós ficamos a ouvir e a questionar. Sempre achei que as crianças merecem ser ouvidas e contar as suas experiências durante o dia de aulas. Incentivei isso no meu filho e fiquei uns bons 60 minutos a ouvi-lo falar sobre os objectos antigos que eram utilizados no colégio há muitos anos atrás.
O Gonçalo lanchou, fez os trabalhos de casa e saímos para jantar fora. O Gonçalo pediu-nos para dormir em casa dos avós. Estava animado com a perspectiva de, no dia seguinte, bem cedo brincar com um amigo vizinho dos meus pais. Confesso que hesitei mas...não podia negar ao meu filho e aos meus pais uma experiência que poderia não voltar a ser repetida tão cedo.
É normal as crianças dormirem em casa dos avós de vez em quando. Acho salutar e muito benéfico.
Fomos para nossa casa com uma estranha sensação de vazio mas certos de que no dia seguinte, bem cedo, estaríamos por ali.
Restavam-me 2 dias...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

No dia 18 de Outubro de 2007...quinta-feira!

No dia 18 de Outubro de 2007, quinta-feira, acordei o Gonçalo cedinho, perto das 7h00m. Fiquei surpreendido com a boa disposição do meu filho. Saí para comprar pão fresco enquanto a minha actual esposa o preparava para o colégio. Foi uma animação naquela manhã. Estávamos os três especialmente bem dispostos. Tomamos o pequeno almoço, preparamos o lanche para o Gonçalo levar para o colégio e lá fomos, os três. Foi uma experiência fantástica...pela primeira vez, desde que o meu filho é um estudante, tive a oportunidade de o levar às aulas!
Soube-me muito bem levá-lo, dar-lhe um abraço à porta do colégio e despedir-me dele desejando-lhe um bom dia. Confesso que o dia me correu especialmente bem e contei as horas para o ir buscar.
Os meus pais, ambos reformados, fizeram questão de almoçar com o neto. Eu achei bem. Para eles também era uma experiência nova ir buscá-lo para almoçar e, francamente, sempre entendi que o convívio com os avós faz muito bem a uma criança.
O dia passou e, ao final da tarde, de regresso a casa, após um banho e um lanche foi tempo de ajudar o meu filho a fazer os trabalhos de casa. Penso muitas vezes nesta situação, eu, docente do ensino básico e secundário, dou aulas a tantas crianças mas, nunca tinha tido a oportunidade de ajudar o meu filho com os trabalhos de casa. Naquele dia, juntamente com a Xana ajudei-o a entender e a realizar as tarefas do colégio. Ainda me lembro, uma imagem do aparelho digestivo para identificar os órgãos e contas!
Antes do jantar ainda guardamos cerca de uma hora para um passeio de bicicleta e, feita a digestão foi tempo de o preparar para uma noite descansada.
Não prescindi de o mimar, muito. Durante este tempo poucas vezes me passou pela cabeça que, em breve ele viajaria para Angola. Aproveitei cada minuto e tive esperança que algo fosse alterado.
É indescritível o amor que se sente por um filho, a vontade que temos de o ter perto de nós, de o ensinar, cuidar, proteger. Aproveitei os últimos quatro dias para o fazer!
4 dias...restavam agora 3!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Fui buscá-lo no dia 17 de Outubro de 2007, restavam-me 4 dias até deixar de o ver por tempo indeterminado!

Fui buscá-lo no dia 17 de Outubro de 2007, restavam-me 4 dias até deixar de o ver por tempo indeterminado!
No dia 17 de Outubro de 2007, na sequência do combinado no Tribunal, fui buscar o Gonçalo a casa da mãe para passarmos juntos 4 dias. Lembro-me que a noite estava fria e muito húmida. Eu sabia que o Gonçalo tinha treino de futebol. Era quarta-feira e o meu filho, às quartas-feiras, enquanto viveu em Portugal, jogava futebol. Parei o carro em frente à porta e toquei na campainha. Os segundos que se seguiram até a porta se abrir pareceram-me intermináveis. Tive medo de já não o ver, de não o poder mimar por mais algum tempo. Felizmente o Gonçalo surgiu e correu pelas escadas a caminho do meu carro. Vinha carregado com a mochila do colégio e vestido com o equipamento de futebol. Quando o vi senti-me carregado de energia e com uma imensa vontade de o abraçar e não mais o largar.
Fomos os 3, eu, o Gonçalo e a Xana para nossa casa. Depois de um banho bem quente jantamos e começamos a organizar as coisas para o dia seguinte.
Eu nunca tinha tido a oportunidade de levar o Gonçalo ao colégio e confesso que estava muito entusiasmado com a perspectiva de o acompanhar.
Conversamos, rimos imenso, brincamos e, perto das 21h00m deitei o meu filho!
A sensação foi diferente e fantástica. Eu nunca tinha deitado o meu filho a dizer-lhe, dorme, descansa que amanhã é dia de escola!

sábado, 21 de junho de 2008

Faz hoje 8 meses!

Faz hoje 8 meses que não vejo o Gonçalo. No dia 21 de Outubro de 2007, cerca das 19h15m, deixei o meu filho em casa da mãe. Desde aquele dia, desde aquela hora nunca mais voltei a ver o Gonçalo. Sei que o meu filho está em Angola, sei que vive no hotel onde trabalha a mãe e pouco mais. As notícias que me chegam do Gonçalo são de terceiros, alheios à minha família que, por estarem geográficamente próximos do meu filho me acabam por trazer "migalhas" de notícias. Poucas, insuficientes mas...notícias de que ele continua em Restinga, no Lobito!
Francamente não consigo explicar a angústia de não o ter por perto! 8 meses...
Aguardo, sofrido mas paciente por uma concreta decisão judicial. A decisão que, desde o início, há mais de quatro anos, aguardo dos Tribunais portugueses sem perder a esperança, sem desistir.
Não desisto do meu filho, não vou guardar o amor que sinto por ele.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Imagine que era o seu caso!

Imagine que tinha um filho fruto de um casamento terminado...
Imagine que esse seu filho estava à guarda do outro progenitor que, para além disso detinha também o poder paternal...
Imagine que, de boa fé havia acordado com esse mesmo progenitor um regime de visitas para si e para o seu filho...
Imagine que, durante cerca de 5 anos nunca o outro progenitor cumpria esse regime de visitas e que, por via disso estava privado de conviver normalmente com o seu filho e o seu filho consigo...
Imagine agora que, ao fim de tanto tempo o Tribunal autorizava que o seu filho fosse viver para Angola com o progenitor que detinha o poder paternal...
Imagine que durante oito meses não via, não falava, não sabia nada do seu filho...
Imagine tudo isso como sendo seu, a sua vida...o seu filho!
Imagine...o que faria?
Agora deixe a sua opinião:
Acabava por se demitir do seu papel de mãe ou de pai?
Acabava por desistir de lutar pela companhia do seu filho?
Sentiria raiva? De quem? Raiva do outro progenitor? Dos meios judiciais ao seu alcance?
O que faria?
Agora, se tiver tempo leia as mensagens deste blog e deixe-me a sua opinião.
Obrigado

sexta-feira, 13 de junho de 2008

No dia 7 de Julho de 2008!

No próximo dia 21 de Junho faz 8 meses que não vejo o meu filho! Tenho tentado contactar através do número que, tardiamente me foi fornecido mas sem sucesso. Não consigo, tão pouco conversar pelo telefone com o Gonçalo. Tem sido muito complicado passar estes quase 240 dias sem saber nada de uma criança que desejei tanto e que amo sem reservas. Recordo todos os dias um pormenor, um momento, uma palavra das últimas horas que passei com o Gonçalo. Tenho tantas saudades de o carregar no colo e de lhe fazer as vontades.

A semana passada tive uma boa notícia. Assim o espero! O Juiz do processo marcou uma conferência de pais para o próximo dia 7 de Julho. Não tenho a convicção de que a mãe do Gonçalo venha a Portugal por essa altura, confesso que não creio que isso possa acontecer mas, pelo menos vou ter a oportunidade de demonstrar ao Tribunal como eu tinha a minha razão. No dia 8 de Julho vou poder dizer, pessoalmente ao Juiz e à Senhora Procuradora: Eu tinha razão: não vejo o Gonçalo há mais de 8 meses. Não sei nada do meu filho. Eu tinha razão! Direi isto não com a intenção de me afirmar mas, tão só com a intenção de fazer com que o Tribunal perceba a verdade. A verdade: A mãe do meu filho quer, decididamente afastá-lo de mim, privá-lo da minha companhia!

A conferência de pais não vai minorar o meu sofrimento mas, por certo vai levantar mais um pedaço desta minha verdade...desta realidade.

Continuo a viver, conto com amor, carinho, mimo de quem me ama e cuida. Continuo, pacientemente a aguardar e, desta vez com a vantagem de estár acompanhado, guardado e fortalecido por um amor de verdade.

Gonçalo, continuamos à espera, prontos para te receber.

A todos, muito obrigado pelo apoio e amizade.