quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Saí de casa...


O Gonçalo tinha 3 anos. Após um casamento de cerca de 4 anos, perante uma relação desgastada, pai e mãe decidiram-se pelo divórcio! Na noite de 13 de Maio do ano de 2003, cerca das 2h00m, após uma discussão, decidi sair de casa. Tomada a dificil decisão e reconhecido o fracasso de um projecto comum com a mãe do Gonçalo, ela pediu-me que não fosse sem o bébé. Saímos juntos, eu e o meu filho, e fomos para casa dos meus pais.
Durante cerca de 4 meses não tivemos quaisquer notícias da mãe do Gonçalo. Tentei ligar-lhe para falar com o menino, nunca me atendeu! A nossa vida corria com a tranquilidade possível. O Gonçalo, como é natural, demonstrava sentir falta do carinho materno mas, como disse, nunca consegui, durante aquele tempo chegar à fala com a minha, então esposa.
Surpreendentemente, em meados de Setembro de 2003 recebi um telefonema da mãe do meu filho. Pediu-me para a deixar passar parte da tarde com o menino. Como poderia negar-lhe? Fazê-lo seria desrespeitar o Gonçalo. Autorizei e, confesso, fiquei feliz por saber que isso deixaria feliz o meu bébé.
O horror chegou ao início da noite! A mãe não o voltou a trazer a casa dos avós paternos, não atendeu as minhas chamadas. Desde aí, até ao dia 4 de Dezembro nada soube sobre o meu filho. Aliás, foi com espanto que me deparei com um processo judicial interposto por ela a reclamar a guarda e poder paternal do menino. Voltei a ver o Gonçalo no dia 5 de Dezembro de 2003, dia do seu 4º aniversário.
Foi o início de uma história conturbada, despropositada que, por dever de lealdade para com todos os que, neste blog, me têm apoiado, contarei, de hoje em diante.
Obrigada a todos, bem hajam! Um abraço

12 comentários:

Anónimo disse...

Sou uma pessoa que sei bem o que este pai sofreu, conta tudo, conta tudo, desde o nascimento, poruqe tu foste pai e mãe.
força

Anónimo disse...

Compreendo bem a sua dor e angustia e acima de tudo os seus medos e receios, não porque os tenha vivido na primeira pessoa mas, porque lido de forma sistemática com casos identicos ao seu. Os contornos, mais ou menos robuscados, do seu caso ou de outros casos idênticos ao seu, são usados com um unico proposito: o de afastar da convivência, pai e filho.
Todas as historias, de pais e mães, que me aparecem nas sessões de psicanalise são incriveis, superando-se umas a outras pela criatividade emanada pelos intervenientes.
A ligação psicologica que tem ao seu filho nunca será cortada por ninguem contudo, as magoas de dias, meses e anos de afastamento serão um fardo para o gonçalo, para si e para aqueles que vos amam e apoiam.
Este blog com toda certeza está a ser (e será) uma terapia muito importante para si. Não guarde a dor, a tristeza para si, compartilhe-a com todos.
Ana Raquel

Catarina Carvalho disse...

Sim o Gonçalo , era realmente a criança descrita ali ... om um sorriso contagiante , uma alegria imensa e um amor ainda maior !
Numa simples tarde em que fomos comer um gelado deu para perceber tudo isto e muito mais do que o Gonçalo era !
Apesar de ter sido essa a única e insperadamente a última vez que o vi , as saudades , talves de tudo o que me é transmitido sobre esta história , apertam ! Saudades de uma criança que podia viver com o carinho de ambos os pais , sem percisar de uma separação sem dia para acabar ... :/

Beijos , e Força da Catarina Carvalho , 13 anos

Anónimo disse...

Digno este pai! A mãe não o será tamém? aqui só lemos uma versão, a de um pai desesperado.....mas será a verdadeira?

Filho para sempre disse...

Caro anónimo,
Tem toda a razão, neste blog apenas se pode ler a história contada por mim, o pai. Lamento não poder satisfazer a sua pretensão. Eu sei que todos os factos correspondem à verdade, resta-lhe acreditar ou duvidar. Sabe...torço para que nunca sinta o que eu sinto! Uma vez mais reafirmo: este blog não é contra alguém mas sim, e apenas a favor do meu querido filho Gonçalo e esse, esse sim...continua afastado do seu pai. O caro anónimo tem filhos? Se tiver...espero que nunca os perca nem por um dia. Um abraço, obrigada pelo seu comentário. Bem haja.

Anónimo disse...

Independentemente da versão de cada um, a verdade é uma e é o que aqui se quer chamar atenção é privar uma criança de crescer na companhia do pai e da mae, com o amor de ambos, isso é muito importante para o equlibrio emocional de uma criança. Infelizmente sei do que falo, sou mãe de uma adolescente que sofre imenso pela ausência do pai, neste meu caso foi o pai que abandonou a filha, foi para moçambique construíu lá outra vida teve outra filha e esqueceu-se da que cá ficou, ele nem sabe o mal que lhe faz, os traumas que lhe causa.Por muito amor que ela possa receber de mãe, dos avós maternos, e restante familia materna, ninguem lhe consegue preencher o vazio que ela sente em relação à falta do pai, ele que dizia que tanto a amava que era a pessoa mas importante da vida dele, de repente...esse amor foi esquecido.Quando o pai foi embora a Sofia já tinha 11 anos, já tinha plena consciência das coisas assim como o Gonçalo têm. Portanto aqui não está em questão o sofrimento do pai, da mãe, da versão correcta, aqui esta em questão de que quem vai sofrer é o Gonçalo, ele e que vai ficar privado do amor, do carinho, da companhia e da amizade do pai, porque ninguém consegue substituir um pai, uma mãe, uma avó, um avô, etc... todos são importantes na nossa vida cada um deles têm o seu lugar no nosso coração, cada um deles é um alicerce na nossa evolução como ser humano, para o desempenho dos papeis que cada um virá a representar na vida. Gonçalo espero que rapidamente este pesadelo termine para ti,que rapidamente possas ter o carinho de toda a tua familia e amigos que serão muito importantes para a tua formação e educação, e mais uma vez refiro a importancia da presença do pai, da mae, dos avós.Espero sinceramente Gonçalo que não venhas a sofrer como sofre a Sofia pela falta de amor do pai. Um beijo grande. CRIS

Anónimo disse...

Gostei de ver que este blog é gerido de forma democratica. Pensava que a minha mensagem seria apagada!
Não quis duvidar da veracidade dos factos..mas na vida quem contar melhor a sua verdade ou a meia verdade (que o que importa para um juiz)é quem leva o seu "barco a bom porto"..infelizmente à pessoas que até com a mentira o conseguem e ha advogados que melhor o fazem!

RUben

Filho para sempre disse...

Cris, obrigada pelo teu apoio. A tua filha, a Sofia, é uma menina linda, fantástica e muito inteligente. Lamento tanto que ela passe por isto.Espero que em breve tudo mude para ela e para o meu Gonçalo.

Ruben, obrigada pelas suas palavras. Não imagina o alento que tem sido para mim este blog. Sinto que desta forma posso partilhar os meus pensamentos e aliviar o meu sofrimento. Por favor não deixe de nos visitar.

Anónimo disse...

A tua história comoveu-me... Pareces e és um pai apaixonado pelo filho e estás a sofrer... Não merecias! Não te conheço, mas reitero que não merecias... :(

Muita força e muita fé!!!

Anónimo disse...

É para isto que serve um blog. Não é só para comentar mas, acima de tudo, para trocar experiências, vivências e opiniões por mais diversas que sejam. Pai pareces uma pessoa muito segura, integra, com uma força de Tigre! A tua luta não parece obstinada, mas saudavel, construtiva e limpa..tens uma postura clara, correcta e acima de tudo transparente e com a coragem que poucos têm de GRITAR, colocar essa dor cá para fora!

Torço por ti!

RAUL Marques

Anónimo disse...

Tu sabes que conhecemos o Gonçalo desde que nasceu, que o amamos muito, que o vimos crescer...até essa altura da vossa separação, mesmo eu achando que era amiga da mãe do Gonçalo, mesmo eu gostando tanto dela como gostava... até de nós ela o afastou e se afastou....Não foi por falta de teantativas de contacto da minha parte, não foi por falta de querer ouvir os dois lados da história...Ela afastou-se e afastou toda a gente que gostava do filho e de quem o filho gostava...Se a compreendo? Não. Se a julgo? Não sou ninguém para o fazer, mas sou mãe de dois filhos lindos e nunca me passaria pela cabeça fazê-los sofrer assim...
Uma criança precisa dos dois pais para crescer bem, para ser um adulto equilibrado amanhã...
Eu sei o que tens passado desde 2003, eu sei a cruzada que tem sido pela busca de estares próximo do teu filho...E ele um dia também saberá...O Gonçalinho era uma criança que passava a vida a rir, a brincar, era uma criança muito feliz até aos 3 anos, depois tem passado por tanto sofrimento...Não era necessário, a nossa justiça é tudo menos justa...
beijinhos e muita força
Ana e Marcos

000 disse...

Sergio

conheci teu blog e dificil não confessar que me emocionei e por vezes as lagrimas afloraram.
histórias como a tua nos faz refletir sobre o amor que guardamos aos filhos, não apenas protegendo-os, mas como em varias vezes vi vc relatar, respeitando-o.
o respeito é a tradução real do amor

Eu, aqui do meu cantinho, não apenas vou torcer por vc, mas orar...
Para que voce não seja privado da maior riqueza que possui...

o amor de um filho!

abraço