sexta-feira, 4 de julho de 2008

Razões para o meu filho crescer em Portugal!

O meu filho fez oito anos no dia 5 de Dezembro de 2007. Aos oito anos em que pensamos? Sobre o que vivemos? Lembro-me de como eu era nessa idade e do que fazia em férias. Nunca fui um verdadeiro jogador de futebol mas adorava brincar na rua dos meus pais, desfrutar dos campos de milho que por ali existiam. Eu e os meus amigos imaginávamos aventuras e tratávamos de as transformar numa realidade infantil e muito divertida. Nos dias frios, como o de hoje, eu e o meu irmão ficávamos por casa sob o olhar atento dos nossos avós e recebíamos os nossos amigos. Nada mais nos importava para além da diversão e das brincadeiras. O dia era levado a pensar na aventura seguinte.
Hoje sentei-me a pensar nisto! Como eu era aos oito anos.
O Gonçalo, pelo menos até partir para Angola, adorava jogar futebol, perdia-se no tempo a andar de bicicleta, corria com todas as forças, apreciava muito praticar artes marciais, demonstrava especial apreço por se sentar a ver um filme adequado à sua idade e, naturalmente, não dispensava os vídeo jogos. Sempre foi um menino muito conversador e uma excelente companhia.
Hoje, parei para pensar no que sentirá o meu filho em Angola. Eu não conheço África. A Alexandra conhece Cabo Verde e a Tunísia. Segundo ela são dois países que encantam pelo clima, pela sensação de liberdade e pela simpatia das pessoas. Ontem, ao ouvir falar de Angola memorizei uma frase: “Aquela terra tem feitiço”! Senti medo e alívio.
Não tenho dúvidas de que o Gonçalo sente a minha falta enquanto pai e amigo. Estou certo de que uma terra tão mágica que enfeitiça não é, para ninguém, nem mesmo para uma criança a compensação da falta de alguém. Mesmo assim, hoje imagino como estará o meu filho de oito anos…Com toda a certeza fará praia frequentemente, deve ter a pele bem mais morena; imagino que ande de bicicleta pelo menos pelos jardins do hotel em que, segundo me disseram, mora; imagino que jogue futebol. Será? Nem sei se ele fez amigos com quem possa jogar! Sim…o meu filho pode deixar que aquela terra o enfeitice. Tudo isto é verdade…mas…o meu filho não vai esquecer-me nunca e, estou certo, não deixará de me amar. Imaginá-lo a brincar e a sorrir em Africa não me choca, bem pelo contrário. O que quero é sentir que ele está o melhor possível e que eu o voltarei a ver em breve.
Nestas reflexões comecei a pensar quais as minhas razões. O que, na verdade, para além da minha saudade me faz pensar que o Gonçalo estaria melhor em Portugal. Faço muitas vezes esta reflexão mas hoje decidi tomar nota de cada ponto neste blog. Por favor avaliem…
1)O Gonçalo partiu para Angola em Outubro ou Novembro de 2007, logo, já depois de iniciado o ano lectivo e durante o curso da terceira classe. Com isto, como é natural, o meu filho ficou prejudicado em termos académicos. Que ano estará a cursar actualmente? Qual o sistema de ensino? Português ou Angolano?
2)Em Portugal, o Gonçalo poderá cursar escolas que lhe garantam um ensino mais eficaz e eficiente e que lhe permitam, caso assim entender, entrar numa boa Universidade.
3)Em Portugal o Gonçalo conta com toda a sua família com excepção da mãe. Por cá ele tem o pai, o irmão, os avós maternos e paternos, os tios, os primos, a Xana, os pais da Xana, até mesmo a família do companheiro da mãe que ficou responsável, segundo sei pelo segundo filho da minha ex mulher;
4)Em Portugal, mesmo que a mãe do Gonçalo estivesse em Angola eu poderia garantir o contacto de ambos através do telefone, de carta e da Internet. Eu sei que o faria.
5)Em Portugal o Gonçalo poderia prosseguir com as actividades que estava a frequentar, i.e., os treinos de futebol e as artes marciais. Para além disso, podia iniciar a prática do ténis que ele tanto queria;
6)Em Portugal o Gonçalo poderia aperfeiçoar a leitura e a escrita. Eu e a Xana estávamos a planear começar a sugerir-lhe leitura de livros adequados à idade para ele se começar a habituar e apreciar. Sei que isto não acontecerá em Angola. Durante os anos que vivi com a minha ex mulher nunca a vi pegar num só livro para o ler;
7)Em Portugal, fazendo fé nas notícias e relatos de quem vive em Angola, o Gonçalo conta com um sistema se saúde incomparavelmente melhor e mais eficaz;
8)Em Portugal o Gonçalo pode correr pelo parque da cidade e pela praia sem medo de tropeçar em numa mina;
9)Em Portugal o Gonçalo poderia continuar a incrementar os laços de amizade com os amigos que já tinha.
Razões…razões que creio serem no interesse do meu filho e desprovidas de qualquer egoísmo. Estou mesmo convencido de que para o Gonçalo melhor será viver no país onde nasceu. Bem sei que muitas vezes as crianças partem com as suas famílias para realidades distintas no entanto, o Gonçalo não tinha necessidade de passar por isto e de ficar privado de tudo quanto aqui lhe podemos dar.
Tenho saudades tuas filhote!

7 comentários:

Cláudia, Pimpo e Pimpa disse...

São mais que boas as razões que tu tens para quereres acompanhar o crescimento do teu filho.
Hás-de ter a tua oportunidade! E ele também, de crescer rodeado de família e de pessoas que só querem o bem dele.

Bjs Cláudia

Filipa disse...

Sérgio e Xana,

Como sabem, não consegui ficar indiferente à Vossa História ... ou melhor, ao Vosso drama. Espero que este fim de semana, sirva para poderem, junto dos Vossos Familiares, encontrar a calma e o apoio necessário, para enfrentarem com coragem, o dia que se aproxima.

Sérgio, espero que consigas com a calma necessária (eu sei que é dificil) dizeres de tua justiça, manifestares a tua posição, e explicares a esses Senhores, que todas as crianças têm direito a terem mãe, mas também pai, e principalmente o Gonçalo, que tem um pai empenhado, disponível e pronto para lhe dar todo o amor e carinho … tão importantes para o desenvolvimento e crescimento saudável de uma criança. Fá-los sentir …. Injustos, apela-lhes ao coração, mostra-lhes que és um guerreiro… e que travas esta luta por amor a um filho …. Não é possível ficar indiferente!

Desejo-te muita sorte, muita força … e só espero que possamos estar em breve, a partilhar convosco, a alegria de poderem abraçar, e seguirem de perto o crescimento do Vosso Gonçalo!!

Um grande beijinho para vocês,

PS – na segunda-feira cá estarei ansiosa por notícias!!!
PS2 - Estou certa que o Gonçalo terá tantas saudades tuas, como tu tens dele!! As crianças avaliam muito bem quem as quer bem!!

gosto-muito-de-voce-leozinho disse...

pois eu jamais deixaria a minha filha com o pai a viver para ir para longe....o problema aqui é mesmo o gonçalo não contactar com o pai....não passar ferias com o pai....eu detesto o pai da minha filha, mas não a privo do contacto com o pai e jamais o farei (e olha que eu nem lhe dirijo a palavra)....

pelo gonçalo...espero que a mae permita que ele fale contigo regularmente.....

Mar disse...

E a principal razão seria, certamente, estar na companhia do pai.

Mae Princesa disse...

Cheguei através da Filipa, e quero transmitir-vos muita força e coragem!!!!Era bom que pudesses arranjar mais informações, nome do hotel, qualquer coisa que te fizesse cehgar a ele, assim poderias rumar até lá e abraçar o teu filho!!!!Quero dar-te os parabéns, enquanto Pai, és um exemplo, pena que a Mãe seja totalmente o oposto...Muita força para ti e para a Xana!

Anónimo disse...

O que é que eu te posso dizer...
Perante uma situação destas só me ocorre dizer para teres muita paciência e força, e vais ver que um dias destes tens o teu filho juntinho de ti.
Bj

Filipa disse...

Voltarei mais tarde para saber noticias!!!

Um beijinho