Hoje, depois de muitas tentativas consegui falar com o Gonçalo. Como sempre sujeitei-me a ouvir os comentários e propostas de resposta de terceiros que, aparentemente estavam ao lado do meu filho mas, ainda assim sempre foi possível ouvir a voz dele e tentar perceber se está bem.
O Gonçalo diz-me que em breve virá a Portugal embora, como é evidente não lhe seja possível adiantar-me a data. Antes de nos despedirmos ainda me perguntou pelo João, se já andava, se já falava, se já comia! Achei deliciosa a preocupação e cuidado com o irmão. Achei o máximo não se esquecer de querer saber dele.
Tenho cada vez mais saudades do meu filho. É cada vez mais difícil olhar para o futuro, a curto prazo e saber que não o vejo no imediato.
A semana passada aceitei um comentário de alguém que, aparentemente se indignava com este blog. Pelo que me foi possível perceber a pessoa que não se identificou, deixava saber como achava que este blog era prejudicial ao meu filho Gonçalo. Pensei durante horas naquelas palavras e até pensei deixar de escrever mas, em boa verdade conclui que aquela pessoa não tem razão!
O blog Filho Para Sempre não pretende e não é um meio de maldizer. Nestes textos não se escreve e não se pretende escrever sobre os erros de terceiros. Antes, neste blog aproveito para conversar comigo mesmo, recolher experiências de outros e, principalmente desabafar a tristeza e angústia que sinto por estar tão afastado do meu filho. Conclui que quem me deixou aquele comentário por certo não sabe o que é estar privado de alguém a quem se quer bem, mas a quem se quer realmente muito bem.
Independentemente de culpas ou desculpas a verdade é que estou sem ver o Gonçalo há mais de um ano, aliás, fará precisamente treze meses no dia 2 de Abril! Sem culpas ou desculpas eu não vejo o meu filho, não sei se ele vai bem na escola, desconheço se está bem de saúde, se fez novos amigos, se sente saudades do pai, se tem vontade de conhecer o irmão! Sem culpas ou desculpas tenho dois filho que nunca se viram.
Não será demasiado atrevimento pedir-lhe a si que me deixou aquele comentário para fazer um exercício:
Tem filhos? Imagine que um dos seus filhos faz uma viagem, por exemplo imagine que um dos seus filhos vai estudar para fora num regime de mobilidade. Agora suponha que durante uma semana não consegue falar com ele. Conseguiu fechar os olhos e visualizar esta situação? O que sente?
Bom...imagine agora que não vê o seu filho há mais de um ano. Imagine que não sabe onde ele mora, não sabe como ele se sente. Consegue imaginar? Não consegue...garanto-lhe que não consegue! Mesmo que saiba que o seu filho está na companhia do outro progenitor, garanto-lhe que sofrerá muito se não falar com ele por apenas uma semana!
Do Tribunal?
Nada de novo e mais um prazo!
Parece graça, parece mentira mas o Magistrado Judicial responsável pelo processo deu um novo prazo ao Mandatário da mãe do Gonçalo para se pronunciar! Desta vez invoca a acta da última conferência, remete requerimentos nossos pretendendo saber em que data virá o Gonçalo a Portugal e concede prazo para pronúncia. Mais um mês de espera. O Advogado da mãe do meu filho Gonçalo poderá pronunciar-se até ao dia 15 de Abril de 2010.
A respeito desta forma de agir do Tribunal de Família e Menores do Porto acabei por me lembrar de um outro comentário anónimo. Desta vez refiro-me a um comentário até pouco educado e que me acusa de ser lamechas! Na verdade até sou muito lamechas, na verdade até gosto de me sentir bem acarinhado e muito, mas mesmo muito mimado mas, não é o caso quando o assunto é o Gonçalo!
Este blog não se pretende lamechas, por aqui não pretendo queixar-me ou lamentar a minha dor. Não, nada disso. Neste blog converso, desabafo, leio outras vidas e absorvo diferentes opiniões. Este blog não é um ninho de lamechices, não se pretende um queixume. Este blog são conversas de protesto.
Enfim, de mangas arregaçadas e prontíssimo para continuar a lutar pelos meus direitos de pai sem esquecer os direitos do meu filho!
Uma nota final para todos os que falam, comentam e se atrevem a opinar sobre os outros e outras vidas: Vale sempre a pena olhar primeiro para a nossa vida, vale sempre a pena duvidar do que nos dizem se não virmos ou ouvirmos dos falados, dos que são vítimas da opinião e da maldicência. Aliás: O tempo acaba por trazer todas as verdades, todas as verdades tardam mas não falham. Por outro lado, nas sábias palavras de uma senhora que em breve se aposentará "A Justiça quando tarda já não é Justiça!"
Abraço a todos